terça-feira, 11 de março de 2014

Educação Escolar de Pessoas com Surdez


Historicamente os estudos realizados sobre a educação das pessoas com surdez passam por discussões entre os oralistas e gestualistas, essas concepções centram seu debate no uso de uma língua em detrimento de outra, justificam o fracasso e insucesso dos alunos como sendo um problema da língua em si.  Precisamos romper com esses paradigmas e compreender a pessoa com surdez, à luz do pensamento pós-moderno, visando o potencial individual e coletivo desenvolvidos nas relações e contextos vividos por cada aluno, acreditando e respeitando as individualidades,  singularidades e diferenças.
Conforme Damázio (2010, p.48) precisamos:
“pensar num sujeito com surdez não reduzido ao chamado mundo surdo, com identidade e a cultura surda, mas numa pessoa com potencial a ser estimulado e desenvolvido nos aspectos cognitivos, culturais, sociais e lingüísticos”.
Diante dessa concepção o problema da educação das pessoas com surdez exige que redimensionemos as discussões tendo como foco o fracasso escolar, debatendo a qualidade escolar e as práticas pedagógicas. É preciso construir um campo de comunicação e de interação amplos, possibilitando que a língua de sinais e a língua portuguesa, preferencialmente a escrita, tenham lugares de destaque na escolarização dos alunos com surdez, mas que não sejam o centro de todo o processo educacional (MEC, 2010, p.08).
Compreender o foco do fracasso escolar, numa perspectiva inclusiva é pensar na qualidade e eficiência das práticas pedagógicas, pensar e construir um trabalho voltado para o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com surdez. Esta proposta requer que a instituição esteja imersa em redes sociais, culturais e de saberes, sendo importante frisar que a perspectiva inclusiva rompe fronteiras, territórios, quebra preconceitos e procura dar ao ser humano com ou sem deficiência, amplas possibilidades sociais e educacionais.
Para garantir os espaços de aprendizagens significativas, dentro da escola comum numa perspectiva inclusiva, de acordo com Damázio (2010, p.50):
“legitimamos a abordagem bilingüe e aplicamos a obrigatoriedade dos dispositivos legais do Decreto 5.626 de 5 de dezembro de 2005, que determina o direito de uma educação que garanta a formação da pessoa com surdez, em que a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa, preferencialmente na sua modalidade escrita, constituam línguas de instrução, e que o acesso às duas línguas ocorra de forma simultânea no ambiente escolar, colaborando para o desenvolvimento de todo o processo educativo”.
Nesse contexto novos caminhos para a vida em coletividade, dentro e fora das escolas precisam ser construídos e reconstruídos. Por meio da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva se propõem o Atendimento Educacional Especializado com objetivo de disponibilizar e organizar recursos que complementam o trabalho da sala de aula com vistas à autonomia social, afetiva, cognitiva e lingüística.
A inclusão de um aluno com surdez em uma sala comum é um desafio que garante a todos os alunos a melhoria da prática pedagógica escolar, pois a escola precisará rever seus espaços, tempos, conteúdos, buscando uma transformação e aprimoramento de todas as pessoas que estão em contato com os alunos.

Referências bibliográficas:

Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar. Fascículo 05: Educação Escolar de Pessoas com Surdez – Atendimento Educacional Especializado em Construção.


Damázio, M. F.; Ferreira, J. Educação Escolar de Pessoas com Surdez-Atendimento Educacional Especializado em Construção. Revista Inclusão: Brasília: MEC, V.5, 2010. p.46-57.

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